Conto - O menino e os pássaros
Ele gostava muito de pássaros, aliás, sabia o nome de todos
eles, pelo menos, todos os que haviam no seu país. Seu nome era Bruno; eu na
verdade, não tenho certeza do nome nem da idade. Sei que ele tinha belos
cabelos cacheados, olhos cor mel de flores, alto, moreno, com o rosto levemente
afunilado e com braços e mãos de leves movimentos.
Tinha uma vida normal, ainda ia para o colégio; mas quase todo o seu tempo livre se dedicava aos pássaros. Assim, todo final de semana ia para a chácara de seus pais, onde havia uma vasta floresta, e que, naturalmente, havia milhares de pássaros: grandes, pequenos, coloridos, e uns tão simples, mas com um canto tão belo, tão singelo, que a batida de seu coração começava a tocar como o canto destes.
Tinha uma vida normal, ainda ia para o colégio; mas quase todo o seu tempo livre se dedicava aos pássaros. Assim, todo final de semana ia para a chácara de seus pais, onde havia uma vasta floresta, e que, naturalmente, havia milhares de pássaros: grandes, pequenos, coloridos, e uns tão simples, mas com um canto tão belo, tão singelo, que a batida de seu coração começava a tocar como o canto destes.
Ele também os pintava, e como! Com todas as técnicas possíveis,
e ia as recriando, especialmente e especificamente para aquele pássaro, pois
achava que todos tinham uma característica diferente que deveria ser representada
também na pintura, como forma de agradá-los, acho que pintava para eles...
Nessa época, ele ainda estava começando a imitar seus cantos com instrumentos:
flauta, piano, violão; e enquanto ele tocava, também assobiava junto, e fazia
arranjos tão lindos, que às vezes chegavam a ser melancólicos. Esses arranjos
pareciam que às vezes agitavam os pássaros, outrora os acalmava.
Porém, o mais curioso é que muitas vezes, quando estava lá,
nessa floresta, ele perguntava para eles, acreditando que o entendessem:
-“Por que vós, pássaros, tem maneira tão sublime e peculiar
de falar?”.
Às vezes, repetia somente por hábito, mas havia dias que
parecia implorar pela resposta, que nunca era dada. Isso mexia com ele, o
deixava triste; nessas horas não fazia nada, apenas observava e ouvia
atentamente o cantar dos pássaros, o farfalhar das folhas, a movimentação das
árvores e os pequenos ruídos da mata, encostado num velho Jacarandá. Mas com o
passar dos anos, como era de se esperar, sua espera credita pela resposta foi
se esgotando, até por que, foi trabalhar, seus pais morreram, já não pintava
nem tocava como antes, e a chácara foi ficando meio esquecida, mas nem por isso
deixava de visitá-la, e sempre quando ia, não deixava de fazer a mesma
pergunta, mas esta nunca era respondida, e mesmo assim ele esperava.
Já no final da vida, Bruno, com aquela impressão de que tudo
na sua vida já havia sido feito, retornou pela última vez à chácara e
perguntou, com sua voz gasta, rouca e cansada:
-“Por que vós, pássaros tem maneira tão sublime e peculiar de
falar?”.
Dessa vez, como uma grande feitiçaria, e ele, não sabendo se aquilo
estava mesmo acontecendo ou se era simplesmente o imaginário do seu inconsciente,
todos os pássaros cantaram em uníssono:
-“Porque nós cantamos, e nosso canto é tão livre e ecoa para
todo lugar, todos cantam, ouvem e querem ser ouvidos, vocês, humanos, não se
ouvem , parecem que falam para si mesmos, ainda precisam crescer e criar asas.”
Isso ecoou pela sua cabeça por horas intermináveis, parecia
que havia esperado por isso a vida inteira; e já quase de noite, no crepúsculo,
momento em que a melancolia várias vezes nos toma conta, ele cresceu, criou
asas e adormeceu em meio aquela mata, recaído sobre as velhas raízes do
Jacarandá.
Agora vocês me perguntam: como eu sei dessa história? Bom, um
passarinho me contou...
kkkkk, um passarinho, claro!!!
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